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GRAÇA SEM FÉRIAS

  • Ana Coelho
  • 16 de out de 2024
  • 2 min de leitura
Fotos de Beca
Fotos de Beca

Escolhemos um destino, fazemos as malas, preparamos o carro, colocamos o cinto de segurança e partimos. Sentimos que vamos nas “merecidas férias” e esquecemos as “mil e uma promessas” que fomos fazendo durante o ano e deixando para o verão e que, quando finalmente chega o mês de agosto, voltam a ficar por cumprir. Dizemos que queremos descansar das vozes do mundo e que esses dias chegaram no momento certo, sem percebermos que enquanto vamos culpando o mundo de tudo, podemos estar permanentemente a desculparmo-nos. “Os dias passam a correr” (dizemos), “o trabalho é muito”, “o mundo exige muito de nós”, “tenho muitas responsabilidades” e vamo-nos adiando na doce ilusão de sermos “vítimas do sistema”. Nós, cristãos, falamos muito no ruído do mundo. Pedimos muitas vezes para que esse barulho nunca nos impeça de ouvir a voz Deus. Desejamos que, por entre todas as vozes, saibamos sempre reconhecer a voz do nosso Pai.

Fotos de Beca
Fotos de Beca

E confessamos com sinceridade que, por entre as correntes que nos empurram, precisamos de força para seguir no caminho que o nosso Senhor fez para nós. E depois, uma vez por ano, estamos de férias, longe do mundo, longe do ruído, dos horários… Mas ao contrário do previsto, nem por isso a voz de Deus fica mais nítida e percetível quando estamos longe das responsabilidades e das correrias… Porquê? Então… Começo a perceber que não é só o mundo que me impede de ter plena comunhão com Deus, não é só o mundo que grita inúmeras vozes e que gera confusão… Também eu tenho sonhos, objetivos, vontades, teimosias, caprichos que trago comigo (até de férias!) e que me impedem de ouvir apenas a voz de Deus, como tanto desejo. Confesso até que cheguei à conclusão de que é mais fácil afastar-me das vozes do mundo do que dessas vozes que afinal tanto alimento! É preciso muita humildade para reconhecer que somos os primeiros a dificultar a nossa conversa com o nosso Pai. É preciso discernimento para saber filtrar a vontade de Deus de tudo o que são as nossas vontades. É preciso muita fé para conseguir calar tudo o que está a mais na nossa vida e limitarmo-nos à Palavra cristalina e pura da verdade em Cristo. Não culpemos o mundo de tudo (pelo menos, não o culpemos daquilo que é da nossa responsabilidade!)… Na verdade… Se pensarmos bem, mais do que acharmos que merecemos férias, deveríamos estar gratos a Deus por elas, pois mais do que “merecedores”, somos “devedores” e não precisamos das vaidades com que enchemos as nossas vidas. Basta-nos o EU SOU e teremos tudo! Gratos, então, pelos dias de férias que Deus nos deu e pelo trabalho que Deus nos dá. Gratos pela forma persistente com que Deus nos fala, mesmo quando enchemos a nossa própria vida de ruído. Gratos porque Deus nunca tira férias de nós, mesmo quando nos afastamos Dele. Gratos pela Sua infinita paciência e perdão quando, ao estender-nos a Sua santa mão, O levamos de férias connosco, para onde queremos ir, em vez de nos deixarmos ser conduzidos pela Sua vontade, onde Ele quer verdadeiramente que nós estejamos. A graça de Deus nunca terá férias! (Que fazemos nós com as nossas?)

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